DR.
DRAUZIO VARELLA
Distúrbios
de linguagem
Dislexia é um transtorno genético e hereditário da
linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de
decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a
capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de
compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito
congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os
fonemas às letras.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia,
o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em
pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica
hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas
recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva
de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus
de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da
alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: 1)
para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento do texto escrito; 3) para de
identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 4)
para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos
(discalculia); 5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo
de letras e sílabas (disgrafia); 6) de organização temporal e espacial e
coordenação motora.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por
equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo,
neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar
a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção,
escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos
que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico
precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos
depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.
Tratamento
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O
tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia,
fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar,
na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão
escrita ou da matemática.
Recomendações
* Algumas dificuldades que as crianças podem
apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e
ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as
dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por
profissionais capacitados;
* O diagnóstico de dislexia não significa que a
criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um
distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
* O tratamento da dislexia pressupõe um processo
longo que demanda persistência;
* Portadores de dislexia devem dar preferência a
escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
* Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as
características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no
desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à
baixa-estima.
Fonte: drauziovarella.com.br